27 julho 2011

De férias...

... até um de Setembro. Depois, espero voltar com mais força do que nunca.

Petição - Balanço final

Por motivos de saúde, tem-me sido difícil escrever e, como tal, atrasei o meu balanço final da Petição pelo Regresso da Exibição Regular de Cinema à RTP2. Tanto, que neste momento, com as perto de 3 mil assinaturas entregues e enquanto aguardamos a constituição da necessária comissão parlamentar, já os meus colegas e amigos do grupo-peticionário escreveram textos que exprimem, sem tirar nem pôr, aquilo que sinto. Deixo então aqui os links, para que os eventuais leitores deste espaço possam ter uma ideia de qual o ponto da situação.

Luis Mendonça
Ricardo Lisboa
João Palhares



Da minha parte, apenas expressar o prazer e a honra que foi conhecer-vos (a estes e a todos os outros) e trabalhar com vocês nesta causa. Enquanto houver gente como nós, a tão propalada morte do Cinema não ocorrerá.

21 julho 2011

2ª Série dos Planos (XVI)

Com algum atraso, revelo aqui que foi da minha responsabilidade a escolha de um plano para figurar no blog Cine Resort, do João Palhares, a quem agradeço aqui o convite. Passem por lá!

14 julho 2011

Optimus 2011 Alive - Não estou aqui





O primeiro dia do Optimus Alive 2011 foi para mim um dia de teste. Na fase em que estou, em termos de saúde, queria saber se aguentava fisicamente estas horas ao calor, se conseguia estar de pé tanto tempo e se me conseguia concentrar. Serviu, assim, para ensaio para o SBSR. O resultado foi misto, mas não foi nem de perto nem de longe o festival que queria ver.
Em primeiro lugar, uma nota sobre o próprio festival. Apenas lá tinha ido em 2007 e é salutar ver o quanto cresceu em quatro anos. Muito maior o recinto, maiores e melhores os lavabos, o palco secundário com muito mais condições e, em suma, uma dimensão de grande festival, a faltarem apenas alguns palcos para ser de nível europeu. Este aspecto é muito salutar, bem como a quantidade de grandes nomes internacionais a actuarem.

O Verão Azul ou Impróprio para diabéticos: A Amor Fúria, que no dia 06 de Julho ocupou o palco Optimus Clubbing, num tempo em que as editoras não têm um décimo da importância que costumavam ter, poderá vir a ser um fenómeno como foi a Ama Romanta (Pop Dell’Arte, Mler Ife Dada) nos anos 80. Bandas como Os Velhos ou Feromona têm energia, personalidade e contemporaneidade para dar e vender. Infelizmente, estas bandas só tocariam mais tarde, quando havia outros concertos para ver. Vi então, o duo electro-pop naif O Verão Azul e não fiquei nada impressionado. Delicodoces, com influências electrónicas como Animal Collective e Beirut, são enjoativos (as letras incluem sempre “o amor”, “a praia” ou “a cidade”), desinteressantes, repetitivos e inconsequentes. Não me parece que vão a grande lado.

The Naked and the Famous ou Banda a seguir: Vestidos e desconhecidos, estes neo-zelandezes, de quem vi as últimas 3 canções, fazem uma pop electrónica com laivos de shoegaze, a lembrar os MGMT antes de lhes dar a travadinha, e parecem ter animado os espectadores, sobretudo no final com o semi-sucesso "Young Blood", habitual na Radar. Não posso dizer muito mais, mas creio que podem ser banda a seguir e o público que já lá estava parecia ter-se divertido imensamente.

Twilight Singers ou Quem são estes velhos?: Quando, depois de meia-dúzia de canções em frente ao palco, volto para junto do grupo com quem vou, a minha amiga Andreia pergunta-me “Sabes quem são estes velhos?” A frase é sintomática da desapropriação da nova banda de Greg Dulli ao espaço e à hora, demasiado solar para o rock escuro, urbano e alcóolico que mostraram durante perto de uma hora, para desinteresse generalizado. Creio que teriam ficado melhor no palco secundário. Concerto sem incidentes nem momentos memoráveis.

Grouplove ou Quem?: Porque raio esta banda, com apenas um ep editado, toca no palco principal, depois dos Twilight Singers? Questão difícil de responder nas quatro ou cinco canções que deles vi onde mostraram o seu indie-rock enérgico, simpático, mas que não augura nada de transcendente para o futuro. É certo que alegraram o público e que tiveram dificuldades durante o espectáculo (o PA falhou duas vezes), mas é uma escolha que faria, também, muito mais sentido a abrir o palco Super Bock e que não deixou saudades.

James Blake ou Podes baixar isso?: Não tenho a mais pequena dúvida de que o disco de estreia de James Blake é dos momentos cimeiros do ano, pequena pérola silenciosa e austera em base de electrónica dub-step. Foi então com muita expectativa que me dirigi ao palco Super Bock para ver o primeiro concerto do britânico em Portugal. Tudo normal na primeira canção, mas antes da segunda, Blake pede audivelmente ao engenheiro de som que ponha os drones mais altos. Lentamente, o concerto torna-se dificil para mim e a pulsão dos graves, absurdamente altos quando saem das colunas, torna-se impeditiva. Também estava sozinho, o que não ajudou – quando se sai de um grupo para se ver um concerto sozinho é difícil não estranhar – e ainda aguento "I Don´t Blame You", mas com os ouvidos a rebentar saio da tenda e volto para o palco principal. Talvez um dia o veja na Aula Magna ou no Coliseu, de preferência longe das colunas. Infelizmente, uma oportunidade perdida.



Blondie ou Nossa Senhora da Geriatria: Os Blondie foram sempre das minhas bandas preferidas, um imenso caldeirão pop que ia do punk ao reggae e ao proto-hip hop, uma banda essencial na sua época e cujo sentido de mistura estética influenciou imensas bandas (não haveria, apesar das diferenças, uns Franz Ferdinand se não fossem os nova-iorquinos). Inclusivamente, vi-os em 2000 na Praça Sony e gostei imenso, pois nessa primeira reunião mostram energia, capacidade técnica e boas canções. Foi, então, um enorme choque o lastimável concerto que deram, uma banda decrépita a estragar as suas melhores canções (a minha predilecta "Hanging on the telephone", por exemplo, é totalmente insonsa) e uma líder que de bomba sexual passou a avózinha supostamente rock mas que mais facilmente imagino num sábado de manhã a comprar carapaus na praça enquanto fala dos netos. Triste.

Coldplay ou Trá-lá-lá pago a peso de ouro para delírio da populaça: De Parachutes (2000) até hoje, o percurso dos Coldplay foi de um crescimento desmesurado, de banda que passa despercebida em Paredes de Coura a banda que mete 50 mil pessoas num festival. Actualmente, mesmo canções mais intimistas como "Yellow" ou "Shivers" são hinos de estádio e a pirotecnia está presente em todos os momentos do concerto. No meu caso, apesar de não gostar particularmente dos Coldplay, já os vi 3 vezes ao vivo. Na primeira, porque até gostava do primeiro álbum, as duas outras para acompanhar a minha companheira. Esta foi a vez de que gostei menos: muito gigantismo, muita luz e muita cor, uma vontade de deixarem de ser a Chris Martin Band e passarem a ser um grupo de indivíduos, e todas as canções megalómanas, mesmo as mais vazias – e há bastantes. São esforçados, agradáveis e é divertido enquanto dura, mas sei por onde vou e sei que não vou por ali.

Ainda vi cinco ou seis canções dos Homens da Luta no coreto, mas acho que isso é mais pandega que música – e foi dos momentos deste dia em que me diverti mais. À saída, de rastos, pensava que nos dias seguintes ia perder Primal Scream, The Stooges, Fleet Foxes, WU LYF e Tv on the Radio, a juntar a Ana Calvi, que tristemente troquei pelos Blondie. Diverti-me neste dia, cortesia dos amigos com quem estava, mas, musicalmente, deixou muito a desejar.