Mais um anos, mais uma edição dos Óscares, mais uma noite mal dormida. Eu não queria, mas se começo a ver aquela merda, só páro quando aquilo termina. E, como toda a gente, também tenho mais que fazer do que ver um programa de variedades da RTP com um orçamento exponencialmente maior e com mais pompa, que é o que mais se compara àquela cerimónia.
Mas, finalmente, ao fim de vários anos de noites brancas de mediocridade, em 2008 descobri porque vejo os Óscares. Neste caso, não foi para ver filmes de que gostasse premiados - o dos Coen ainda não estreou e ainda não tive tempo para ver o novo de Paul Thomas Anderson, que foi o grande perdedor da noite. Mas as únicas partes da cerimónia em que emocionei foi nas montagens acerca de grandes do cinema homenageados pela Academia. Aí, viu-se Cary Grant, grisalho mas sempre elegante, chorar em frente aos seus pares. Viu-se Ingrid Bergman e Audrey Hepburn, já pródigas em rugas mas com a classe de sempre, apresentarem prémios. Viu-se John Wayne, já em final de carreira, finalmente segurar o Óscar com aquelas suas mãos descomunais. E viu-se Chaplin, velho, inchado e à beira das lágrimas, agradecer com uma humildade surreal para um génio, a atenção que, tarde e a más horas, a Academia lhe deu.
Percebi, então, que vejo os Óscares em busca da Hollywood clássica que tanto aprecio e que, tenho-o sempre em mente, nunca voltará. Quando a certeza se superiorizar à busca, deixarei de os ver.
1 comentário:
A minha certeza já se superiorizou à busca... É pena, mas exige-se espirito selectivo...
Cumprimentos cinéfilos!
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