29 junho 2008

Fazedores de Auschwitz


Na caixa de comentários do post do Arrastão sobre o aumento da possibilidade de carga horária na UE para 65 horas, um energúmeno expõe-se assim:




O contexto em que está inserido não dá azo a que se pense em ironia. Sobretudo quando, logo a seguir, afirma:




É este o estado em que estamos. Habituem-se!

19 junho 2008

14 junho 2008

Desailly R.I.P.


Morreu o actor que deu corpo ao homem mais ridículo do cinema francês.

Revisão da Matéria Dada - II

1.The Happening. Shyamalan está cansado. The Happening começa bem, com algumas boas ideias visuais (a pistola que percorre um caminho de suicídio entre várias pessoas; o contra-picado dos trabalhadores da construção civil a caírem), mas cedo se transforma num objecto rotineiro, despachado o mais depressa possível. Pior, não possui qualquer densidade dramática, nem humana nem pós-11 de Setembro. Depois da religiosidade foleira de Lady in the Water (o realizador parece nunca ter visto Dreyer ou Breson), outro espalhanço.

2.Sex & the City. Duas horas e quinze minutos depois, chega-se à conclusão de que este filme não existe. É um buraco negro cinematográfico, que cospe o interesse da série num lixo inane e óbvio para consumo rápido.

3.La Graine et le Mullet. Um fantástico épico proletário sobre a vontade de ser alguém e de deixar legado, mesmo que à beira da morte. Kechciche possui um estilo maleável e fortemente realista, procurando, com os seus planos muito fechados, quase imiscuir-se na realidade daquilo que filma. Habib Boufares e Hafsia Herzi são fantásticos, a gestão do tempo é admirável (duas horas e meia que passam num ápice) e, no final, ficamos com a sensação de termos estado in loco com aquelas pessoas, produtos da descolonização e vítimas da globalização. Fantástico.

11 junho 2008

O melhor filme americano dos últimos 40 anos (III)

I've seen horrors... horrors that you've seen. But you have no right to call me a murderer. You have a right to kill me. You have a right to do that... but you have no right to judge me. It's impossible for words to describe what is necessary to those who do not know what horror means. Horror. Horror has a face... and you must make a friend of horror. Horror and moral terror are your friends. If they are not then they are enemies to be feared. They are truly enemies. I remember when I was with Special Forces. Seems a thousand centuries ago. We went into a camp to inoculate the children. We left the camp after we had inoculated the children for Polio, and this old man came running after us and he was crying. He couldn't see. We went back there and they had come and hacked off every inoculated arm. There they were in a pile. A pile of little arms. And I remember... I... I... I cried. I wept like some grandmother. I wanted to tear my teeth out. I didn't know what I wanted to do. And I want to remember it. I never want to forget it. I never want to forget. And then I realized... like I was shot... like I was shot with a diamond... a diamond bullet right through my forehead. And I thought: My God... the genius of that. The genius. The will to do that. Perfect, genuine, complete, crystalline, pure. And then I realized they were stronger than we. Because they could stand that these were not monsters. These were men... trained cadres. These men who fought with their hearts, who had families, who had children, who were filled with love... but they had the strength... the strength... to do that. If I had ten divisions of those men our troubles here would be over very quickly. You have to have men who are moral... and at the same time who are able to utilize their primordial instincts to kill without feeling... without passion... without judgment... without judgment. Because it's judgment that defeats us.

O melhor filme americano dos últimos 40 anos (II)

We train young men to drop fire on people. But their commanders won't allow them to write "fuck" on their airplanes because it's obscene!

O melhor filme americano dos últimos 40 anos (I)

I love the smell of napalm in the morning. You know, one time we had a hill bombed, for 12 hours. When it was all over, I walked up. We didn't find one of 'em, not one stinkin' dink body. The smell, you know that gasoline smell, the whole hill. Smelled like... victory. Someday this war's gonna end...

06 junho 2008

Revisão da Matéria Dada - I

1.Shine a Light. É o filme que queria ver? Não; esse seria o filme acerca da planificação da filmagem do concerto, intercalado com algumas dos melhores temas interpretadas no Beacon Theater em Nova Iorque. Mas um Scosese é sempre um Scorsese. Há aqui grandes canções (Tumbling Dice, Connection, As Tears Go By) e há Keith Richards, a quem devia ser rezada uma pequena oração, de manhã, nas escolas deste mundo. Filmado com a voracidade do costume, acaba por cumprir, mesmo que à risca, os mínimos indispensáveis.

2.My Blueberry Nights. É o fim de uma era: Wong Kar-Wai é falível. Não se percebe muito bem qual o propósito deste filme, o que ele traz de novo ou de diferente para melhor. Para pior é claro: aqueles actores (muito bons, sobretudo David Straitharn, é um facto) não se calam e não nos deixam ver o filme. Espero que o ar saturado de Hong Kong lhe volte a fazer bem no futuro (e que estreie a versão redux do Ashes of Time nas salas portuguesas).


3.La Fille Coupée en Deux. Enquanto filme sobre a moral sexual dos mais ricos, é interessante. Mas uma realização académica, como quem vai para o emprego, tira-lhe muita da sua eficácia e do seu potencial satírico. E aquele final circense… por favor…


4.Indiana Jone$ and the Kingdom of the Cri$tal $kull. Tivessem parado nos anos 80, tinham feito melhor.

Filmes do Mês - Maio de 2008

Cinema

My Blueberry Nights de Wong Kar-Wai
Indiana Jones and The Kingdom of the Crystal Skull de Steven Spielberg (4)
Shine a Light de Martin Scorsese (6,5)

Casa

La Mariée Était en Noir de François Truffaut (8)
L'Enfant Sauvage de François Truffaut (7)
Anatomy of a Murder de Otto Preminger (8)