Na passada sexta-feira, no final da encenação de Luís Miguel Cintra d’A Tempestade de William Shakespeare que tive o privilégio de presenciar, Luís Miguel Cintra dirigiu-se ao público. Com um semblante visivelmente carregado, explicou que, sendo Dia Mundial do Teatro, não haviam sido oferecidos bilhetes porque o concurso para a atribuição de verbas estava atrasado, sendo que qualquer quantia disponibilizada só o seria, findo o concurso dentro de quinze dias e terminados os respectivos aspectos burocráticos, no principio de Junho. As despesas, como é lógico, começaram em Janeiro. De acordo com o encenador, a Cornucópia estava em risco de ter de suspender as actividades dentro de dias, por falta de verbas.
Posto isto, resta-me apenas fazer o que nunca fiz neste blogue e pedir aos leitores que gastem sete euros e meio ou quinze euros e se desloque àquele teatro. Não só pela excelente peça e pelo trabalho da maior companhia de teatro lisboeta mas para tentar contrariar os desígnios de quem gosta dos tachos mas não faz nada para os justificar.
Posto isto, resta-me apenas fazer o que nunca fiz neste blogue e pedir aos leitores que gastem sete euros e meio ou quinze euros e se desloque àquele teatro. Não só pela excelente peça e pelo trabalho da maior companhia de teatro lisboeta mas para tentar contrariar os desígnios de quem gosta dos tachos mas não faz nada para os justificar.
2 comentários:
Caro Miguel Domingues,
Já pensaste que a culpa do estado da companhia em questão, se calhar não é uma questão de interesse/oportunismo e/ou desleixo por parte da tutela, e sim, muito objectivamente, da prática duma política cultural concreta, neste caso, o desamparo da Cultura, mais especificamente, o desapoio duma companhia teatral portuguesa de alto valor? Pois, é que se calhar até votaste, se é que votas, num partido/pessoa que defende abertamente o desapoio da Cultura em detrimento de outras prioridades. Há que reflectir bem naquilo em que vamos votar, porque, neste caso, ninguém deve estar à espera, para não apanhar nenhuma desilusão, que o Partido Capitalista Liberal, leia-se, PS, apoie directamente a Cultura, porque isso muito simplesmente não traz lucro, tanto ao nível parlamentar como ao nível camarário.
O pessoal preconiza e sonha com uma sociedade socialista, mas depois, aquando das eleições, vota carneiramente no Partido Capitalista Conservador (PSD) ou no Partido Capitalista Liberal (PS), o chamado centrão, e depois admira-se que não cheguem as medidas do projecto socialista: o Rui Rio, por exemplo, disse na Grande Entrevista, de forma a que o país inteiro ouvisse, aquando da concessão do Rivoli ao La Féria, “… para que é que serve essa cultura, isso não serve para nada, isso não faz o país andar…”, se não foi isto, foi quase isto, portanto, que o pessoal não se admire com o resultado da sua cidadania. Não estou a presumir, obviamente, até porque não te conheço, que votaste ou votas neste tipo de forças políticas, mas caso o faças, e como é provável, já que é a maioria (uma mera questão de probabilidade), para a próxima, vota à esquerda do Partido Capitalista Liberal (PS), e pode ser que se muitos fizerem como tu e eu, possamos começar a ver melhores resultados.
Um abraço,
Guilherme Rodrigues
Caro Guilherme:
com uma excepcao, votei sempre a esquerda do PS.
E nao ha uma palavra escrita por ti com a qual nao concorde.
Agora, parece-me que a incuria dos responsaveis (que, como escreveu o Silva Melo no Publico, gostam muito de aparecer para jantar nos dias mundias disto e daquilo) e a falta de uma politica seria e concertada sao duas faces da mesma moeda. Uma coisa potencia reciprocamente a outra.
Abraco
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