(inspirado por este texto, embora não dirigido ao seu autor)
A questão dos subsídios na produção cultural portuguesa parece não ter fim. Os anos passam e parece não haver solução à vista, os argumentos são amiúde demagógicos e já não há, naqueles que recebem, nos que não recebem e nos que dão, quaisquer inocentes.
No meu humilde contributo para a questão, começo por dizer que não gosto do método dos subsídios. Pelos seguintes motivos:
i)cria uma competição nociva entre artistas;
ii)coloca a opinião pública contra os meios culturais, tidos como esbanjadores;
iii)presta-se, pelo motivo supracitado, à demagogia política à la Rui Rio;
iv)não força os artistas a procurarem meios criativos de promover e financiar as suas obras;
v)haverá sempre a apontar a escolha deste cineasta/encenador/exibidor em detrimento de outros tantos.
De todos, creio que o mais difícil de resolver é o iv. Uma estratégia de marketing eficaz poderia multiplicar exponencialmente o número de espectadores, do mesmo modo que um “product placement” inteligente e q.b., à maneira dos filmes de Almodôvar, poderia ajudar a suportar (e muito) os custos existentes.
O problema prende-se, em igual medida, com a mentalidade e com a lei. Algumas empresas, como o Millenium BCP, começam já a perceber que o mecenato é uma forma extremamente eficaz de promover a sua imagem e que, utilizada em eventos à partida mais “marginais”, poderão fazê-los chegar a segmentos de mercado onde tinham pouca penetração. Pena é que algumas outras grandes empresas (como a Sonae) não dêem um tostão para nada que não o multiplique em pouquíssimo tempo. Por exemplo, uma lei de mecenato que, no final do ano fiscal, descontasse em 125 por cento nos impostos as verbas gastas na cultura seria um bom incentivo. Com o papão do défice, haverá vontade e coragem para o fazer?...
Agora, é importante lembrar um aspecto: alguém como eu, menor de 30 anose, como tal, provavelmente em trabalho precário, paga, por normas, 6,50 euros para ir ver uma peça na Conucópia. Com uma perda do subsídio, já de si bastante parco, em quanto ficaria o bilhete? E será que as pessoas como eu o poderiam pagar? Parece que, na cultura como em tudo o resto, um cenário puramente neoliberal acarretaria uma perda de democracia. O Estado não pode fazer tudo por todos, dirão algumas trupes blogoesféricas. Até concordo. Mas deverá sempre fazer alguma coisa. Senão, mais vale não existir.
Os subsídios são, neste momento, a melhor hipótese. Não me importava de ver uns cartazes da Optimus ou da Somague no meio do Juventude em Marcha se ajudassem a fazer um filme, do mesmo modo que não me importo de ouvir António Pedro Vasconcelos vociferar contra o sistema que me permite ver Transe e Noite Escura. Se a situação mudar um pouco (creio que um certo grau de subsidio à arte será sempre necessário), melhor. Se não, pedia que os demagogos do costume se calassem, que eu também pago impostos para muitas coisas com que não concordo.
No meu humilde contributo para a questão, começo por dizer que não gosto do método dos subsídios. Pelos seguintes motivos:
i)cria uma competição nociva entre artistas;
ii)coloca a opinião pública contra os meios culturais, tidos como esbanjadores;
iii)presta-se, pelo motivo supracitado, à demagogia política à la Rui Rio;
iv)não força os artistas a procurarem meios criativos de promover e financiar as suas obras;
v)haverá sempre a apontar a escolha deste cineasta/encenador/exibidor em detrimento de outros tantos.
De todos, creio que o mais difícil de resolver é o iv. Uma estratégia de marketing eficaz poderia multiplicar exponencialmente o número de espectadores, do mesmo modo que um “product placement” inteligente e q.b., à maneira dos filmes de Almodôvar, poderia ajudar a suportar (e muito) os custos existentes.
O problema prende-se, em igual medida, com a mentalidade e com a lei. Algumas empresas, como o Millenium BCP, começam já a perceber que o mecenato é uma forma extremamente eficaz de promover a sua imagem e que, utilizada em eventos à partida mais “marginais”, poderão fazê-los chegar a segmentos de mercado onde tinham pouca penetração. Pena é que algumas outras grandes empresas (como a Sonae) não dêem um tostão para nada que não o multiplique em pouquíssimo tempo. Por exemplo, uma lei de mecenato que, no final do ano fiscal, descontasse em 125 por cento nos impostos as verbas gastas na cultura seria um bom incentivo. Com o papão do défice, haverá vontade e coragem para o fazer?...
Agora, é importante lembrar um aspecto: alguém como eu, menor de 30 anose, como tal, provavelmente em trabalho precário, paga, por normas, 6,50 euros para ir ver uma peça na Conucópia. Com uma perda do subsídio, já de si bastante parco, em quanto ficaria o bilhete? E será que as pessoas como eu o poderiam pagar? Parece que, na cultura como em tudo o resto, um cenário puramente neoliberal acarretaria uma perda de democracia. O Estado não pode fazer tudo por todos, dirão algumas trupes blogoesféricas. Até concordo. Mas deverá sempre fazer alguma coisa. Senão, mais vale não existir.
Os subsídios são, neste momento, a melhor hipótese. Não me importava de ver uns cartazes da Optimus ou da Somague no meio do Juventude em Marcha se ajudassem a fazer um filme, do mesmo modo que não me importo de ouvir António Pedro Vasconcelos vociferar contra o sistema que me permite ver Transe e Noite Escura. Se a situação mudar um pouco (creio que um certo grau de subsidio à arte será sempre necessário), melhor. Se não, pedia que os demagogos do costume se calassem, que eu também pago impostos para muitas coisas com que não concordo.