14 abril 2008

Duas pequenas notas sobre duas grandes desilusões - três se contarmos com o Luisão



I’m not there – o filme cujo título se adaptava melhor à exibição do Luisão contra a Académica é mais uma tentativa, votada ao fracasso como todas as outras, de conceber uma ideia de Dylan aproximada a uma qualquer realidade do artista. Ouvimos os discos, vimos o documentário de Scorsese, lemos as crónicas, e aquela personagem, o bardo do século XX, continua tão inacessível como sempre. Já sabíamos que não iria ser Todd Haynes a fazê-la descer à terra, mas há um comprazimento em experimentar fórmulas, em experimentar referências cinematográficas de uma maneira quase lúdica (jogar com a swinging London de Antonioni ou com o western de Peckinpah) que resulta numa obra desconexa e completamente irrelevante, quer enquanto filme quer face à obra de Dylan – até porque nunca se afasta da visão canónica dos acontecimentos em torno dp autor do magnífico Blood on the tracks (1975). Resta o 'tour de force' de Cate Blanchett, a quem foi roubado um Óscar.


Youth Without Youth – Este filme está para a obra de Coppola como o atraso do Luisão para o Miguel Pedro está para os grandes centrais que passaram pelo Benfica: não coloca nada do passado em causa, mas custa a acreditar que seja possível. Filme de um cineasta desesperado por lutar contra a sua irrelevância presente, é exibicionista, mal amanhado e completamente escusado. Longe da viagem aos Infernos de Apocalypse Now – o melhor filme americano dos últimos 40 anos? – a confusão narrativa, os momentos penosos como as línguas faladas pelo interesse amoroso de Roth e aqueles horrosos planos invertidos, é um inferno para quem o vê. Aplauda-se o risco – Coppola bem podia viver da carreira passada – mas lamente-se que a entrega de Tim Rothe a classe de Bruno Ganz sejam assim desbaratadas.

2 comentários:

Anónimo disse...

Não fui ver nenhum tal como não fui ver o SLB. Já estava à espera de barrete, tanto dos filmes como do Benfas.

Ursdens disse...

Ainda não vi youth without youth... Por medo talvez... Toda a gente diz mal do filme...

O Coppola está "frito"... Isso é certo e sabido... Um gajo vê uma entrevista dele e repara naqueles tiques e paragens mentais... Enfim, chega a todos...

Quanto a apocalypse now, não sei se será o melhor... Há o easy rider, o taxi driver, o straw dogs... Enfim..., as maravilhas do novo cinema americano! :) Para mim são todos bons, aliás, excelentes...

Enfim..., também eu gostaria que o coppola ainda estivesse em condições de fazer um "FILME"! Mas não está... Pena...

Cumprimentos cinéfilos!