20 abril 2010

Do financiamento


Do debate do passado domingo no programa Câmara Clara, acerca do financiamento do cinema português, entre João Salaviza e a deputada Inês de Medeiros, ressaltam várias conclusões:

1) A necessidade de um rápido restabelecimento do FICA, bem como a necessidade de rever as suas regras de financiamento (trazendo os novos operadores de cabo para o grupo dos contribuidores) e de escolha dos projectos (muito bem Jorge Leitão Ramos a lembrar que foi essa gente que deu dinheiro para Second Life).

2) A ideia de cobrar uma taxa aos exibidores em filmes estrangeiros, sobretudo americanos, como contrapartida pela excessiva cota de mercado, que seria depois aplicada na feitura de filmes nacionais e até (digo eu) no estabelecimento de uma rede de cinema onde filmes europeus e nacionais possam ser vistos.

3) Como bem afirmou Leonel Vieira, a absoluta necessidade de uma boa lei do mecenato para o cinema, se possível análoga à brasileira, que tanto tem feito pelo cinema nesse país – tenhamos a título de exemplo, o papel fundamental que o Millenium BCP tem no funcionamento do Teatro Nacional S. Carlos e que o presente vazio legal impossibilita para o cinema.

4) A ideia, finalmente reiterada publicamente sem pedidos de desculpas, de que se quisermos apostar na exportação, será com objectos diferentes e idiossincráticos que penetraremos noutros mercados, dado que ninguém no estrangeiro quer saber de affaires entre Soraia Chaves e Nicolau Breyner.

Por tudo isto, esperemos agora que Inês de Medeiros aproveite o tempo que passa nos aviões entre Lisboa e Paris ou o frete que, vendo-a, parece fazer na Comissão de Ética para redigir um projecto-lei neste sentido. Já agora, chame-lhe PEC Cinematográfico, pode ser que o engenheiro aprecie a ironia.

2 comentários:

Back Room disse...

"4) A ideia, finalmente reiterada publicamente sem pedidos de desculpas, de que se quisermos apostar na exportação, será com objectos diferentes e idiossincráticos que penetraremos noutros mercados, dado que ninguém no estrangeiro quer saber de affaires entre Soraia Chaves e Nicolau Breyner."

Este ponto é essencial. Também gostei muito que se assumisse isto sem problemas. Estou farto de ver "parvos" como Nicolau Breyner a defender a ideia utópica da criação de uma indústria... mas para que público?!

Felizmente, até porque não sou politicamente correcto nestas questões, o futuro do cinema português passa pelo cinema que têm a capacidade de saltar barreiras e que é capaz de criar mercado, pela sua qualidade, em qualquer parte do mundo.

Ricardo disse...

Não vi o debate, mas acho as ideias interessantíssimas, nomeadamente o ponto 2. Pergunto-me admirado como nunca existiu taxação aos excessivos filmes estrangeiros.