06 abril 2010

Sumaríssimos (13)


Bem-sucedido renovador do teatro britânico, Sam Mendes tem tido no cinema um percurso pouco coerente, experimentando diferentes géneros, mantendo uma imagem, talvez exagerada, de competência enquanto procura um estilo próprio. De crónicas suburbanas (American Beauty e Revolutionary Road) ao filme de gangsters (Road to Perdition, talvez o seu melhor filme) e ao filme de guerra (Jarhead, o seu pior), o que se pode dizer é o seguinte: Sam Mendes cumpre em quase todos e não atinge a excelência em nenhum. O que é expansível ao seu simpatiquíssimo Away We Go, experiência do inglês no road movie acerca de um casal de freaks white trash que procura uma nova cidade onde criar a criança que vão ter. Com um belíssimo argumento de Dave Eggars e Vendela Vida, é um filme terno, que contrabalança habilmente momentos de alegria e beleza com cenas tristes e emotivas, num equilíbrio bem conseguido. John Krasinski (do Office americano) e Maya Rudolph (do Saturday Night Live) são o cimento que junta as partes e não me parece possível alguém dizer que se perde tempo a ver este filme. Porém, voltamos a uma questão que já abordei anteriormente: hoje em dia, parece fácil fazer um filme independente americano. Junta-se actores conhecidos mas não famosos a uma galeria de secundários competentíssimos (brilhantes Allison Janney, Jim Gaffigan e Maggie Gyllenhaal), filma-se cores abundantes mas esbatidas, coloca-se a acção na América profunda e adicionam-se planos de pontuação ao som de temas indie e temos filme para Sundance. Sam Mendes, hélas, segue a receita com demasiada fidelidade.

2 comentários:

H. disse...

Muito "simpático", embora o tenha visto como mais do que isso - tal como o Sam Mendes me parece mais que um experimentador convencional em vários géneros.
Um reparo: Maya Rudolph e não Angelou (que é grande, mas que eu saiba nada tem a ver com o filme)

Miguel Domingues disse...

Helena, muito obrigado pelo reparo. Vou já alterar antes de me enfiar num buraco com a vergonha... :P