No cinema americano actual, a cidade de Boston tem representado um interessante novo filão a explorar. Começando por Good Will Hunting (1997), passando por Mystic River (2003) e The Departed (2006) até aos filmes de Ben Affleck (Gone Baby Gone, 2007, e este novo The Town), Boston aparece como uma cidade horizontal (habitações baixas, separadas por milhare de árvores frondosas), que esconde bairros pobres e habitações sociais onde os códigos de honra estão intimamente ligados à sobrevivência. Matt Daman e Ben Affleck têm sido instrumentais neste impulso, recuperando-se o segundo de uma carreira na interpretação toldada, em igual medida, por um misto de falta de talento e más escolhas.
The Town, segunda longa-metragem de Ben Affleck, centra-se na tradição das quadrilhas de assalto a bancos originárias do bairro de Charlestown e surpreende pela qualidade demonstrada pelo actor na realização, com câmara segura, capacidade de levar com segurança a narrativa de um ponto ao outro e, sobretudo, talento na definição do ambiente citadino, na criteriosa utilização da geografia da cidade e na explicitação de um código de conduta assente em valores familiares (filiais ou afectivos) baseado na lealdade. Ben Affleck filma bem, na tradição pragmática de um certo cinema de acção que podemos remeter tanto para Eastwood como, por exemplo, para um Don Siegel.
No entanto, The Town não me deixou tão satisfeito quanto gostaria. Falta ainda a Affleck a capacidade de transcender este sólido material (afinal de contas uma típica história de heist movie sobre um assaltante que conhece uma mulher e por ela quer mudar de vida) em algo de superior, em mais do que um filme que se vê bem mas que muito dificilmente perdura na mente do espectador. Que se inspire, por exemplo, no trajecto de Eastwood (que de actor de recursos limitados palmilhou até se tornar num dos grandes cineastas do seu tempo), que aproveite as portas que a fama lhe abre (o elenco de luxo contas com as participações do magnífico Jon Hamm e da belíssima Rebeca Hall) e pode ser que venhamos a ter cineasta.
The Town, segunda longa-metragem de Ben Affleck, centra-se na tradição das quadrilhas de assalto a bancos originárias do bairro de Charlestown e surpreende pela qualidade demonstrada pelo actor na realização, com câmara segura, capacidade de levar com segurança a narrativa de um ponto ao outro e, sobretudo, talento na definição do ambiente citadino, na criteriosa utilização da geografia da cidade e na explicitação de um código de conduta assente em valores familiares (filiais ou afectivos) baseado na lealdade. Ben Affleck filma bem, na tradição pragmática de um certo cinema de acção que podemos remeter tanto para Eastwood como, por exemplo, para um Don Siegel.
No entanto, The Town não me deixou tão satisfeito quanto gostaria. Falta ainda a Affleck a capacidade de transcender este sólido material (afinal de contas uma típica história de heist movie sobre um assaltante que conhece uma mulher e por ela quer mudar de vida) em algo de superior, em mais do que um filme que se vê bem mas que muito dificilmente perdura na mente do espectador. Que se inspire, por exemplo, no trajecto de Eastwood (que de actor de recursos limitados palmilhou até se tornar num dos grandes cineastas do seu tempo), que aproveite as portas que a fama lhe abre (o elenco de luxo contas com as participações do magnífico Jon Hamm e da belíssima Rebeca Hall) e pode ser que venhamos a ter cineasta.
4 comentários:
Há uma tendência um pouco irritante de Affleck em tornar quase todas as cenas de diálogos em monótonas paradas de cabeças falantes ("I love Miami CSI, and New York CSI... and Bones!"... isso nota-se. Tirando isso, o filme deixou-me bastante satisfeito, Affleck parece estar mesmo a tornar-se num cineasta firme e bastante interessante. Espero que sim, pelo menos, uma vez que sempre fui à bola com o tipo.
Não o acho grande actor, mas sempre respeitei o monólogo dele no Good Will Hunting, aquele das cervejas junto às obras e do Ill fucing kill you. Acho-o bem melhor como realizador
Acho que tem bons momentos como actor, aqui parece-me estar muito bem, mas parece-me também que como realizador vai ser bem mais interessante.
Parceiro, belo trabalho! Bravo!
Como parceiro do cinema, convido-o a navegar no blog O Falcão Maltês. Com ele, procuro o deleite cinematográfico.
Abraços,
Antonio Nahud Júnior
www.ofalcaomaltes.blogspot.com
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