O que pensar, antes de I’m Still Here, de Joaquin Phoenix? No meu caso, tinha-o como um bom actor (não excelente) com bons papéis no curríclo (é o melhor que há em Gladiator e um belíssimo Johnny Cash em Walk the line) mas com uma tortura interior, um qualquer trauma escondido, que me pareceu sempre mais pose do que substância. A minha estima aumentou por ele à medida que se sucederam as colaborações com James Gray e só nesses filmes (mais nos últimos We Own the Night e Two Lovers) comecei a ver nele algo de aliciante.
E I’m Still Here, mockumentary realizado pelo cunhado Casey Affleck, só piora este cenário. Porque, num sentido, tem um lado corajoso e moderno: Phoenix predispõe-se a viver-se a si mesmo como personagem, arriscando durante um ano a sua carreira e reputação para se encenar enquanto vedeta torturada que na sua procura de significado e metamorfose encontra apenas a auto-destruição, moldando a sua imagem pública de acordo com a sua nova persona (há algo das personagens do medíocre The Prestige aqui, a ideia de que é preciso viver diariamente o truque). Mas, em primeiro lugar, o truque rapidamente se transforma numa mera sequência de peripécias patéticas, cansando o espectador com o seu número de vedeta em crise. E, em segundo lugar, por muito que se queira dizer que não, o conhecimento prévio do carácter fársico da obra, ainda para mais inscrito no próprio filme através de referências múltiplas àqueles que duvidam da crise, realçam o carácter risível dos acontecimentos.
Nem sequer há qualquer redenção para I’m Still Here na realização de Casey Affleck, quase sempre limitada ao documentarismo mais banal, tentando, durante grande parte do tempo, limitar-se a filmar os “acontecimentos”, quase sempre desinteressantemente fabricados. Não, por acaso, o filme é mais interessante precisamente nos momentos que traem a sua encenação, nomeadamente o concerto em Miami ou a belíssima cena do desaparecimento final. No resto do tempo, I’m Still Here está tão obcecado com a sua própria piada que não passa de uma anedota pouco engraçada.
E I’m Still Here, mockumentary realizado pelo cunhado Casey Affleck, só piora este cenário. Porque, num sentido, tem um lado corajoso e moderno: Phoenix predispõe-se a viver-se a si mesmo como personagem, arriscando durante um ano a sua carreira e reputação para se encenar enquanto vedeta torturada que na sua procura de significado e metamorfose encontra apenas a auto-destruição, moldando a sua imagem pública de acordo com a sua nova persona (há algo das personagens do medíocre The Prestige aqui, a ideia de que é preciso viver diariamente o truque). Mas, em primeiro lugar, o truque rapidamente se transforma numa mera sequência de peripécias patéticas, cansando o espectador com o seu número de vedeta em crise. E, em segundo lugar, por muito que se queira dizer que não, o conhecimento prévio do carácter fársico da obra, ainda para mais inscrito no próprio filme através de referências múltiplas àqueles que duvidam da crise, realçam o carácter risível dos acontecimentos.
Nem sequer há qualquer redenção para I’m Still Here na realização de Casey Affleck, quase sempre limitada ao documentarismo mais banal, tentando, durante grande parte do tempo, limitar-se a filmar os “acontecimentos”, quase sempre desinteressantemente fabricados. Não, por acaso, o filme é mais interessante precisamente nos momentos que traem a sua encenação, nomeadamente o concerto em Miami ou a belíssima cena do desaparecimento final. No resto do tempo, I’m Still Here está tão obcecado com a sua própria piada que não passa de uma anedota pouco engraçada.
Sem comentários:
Enviar um comentário