Quando a Natureza finalmente levar a melhor, será duro passar o início do ano sem um novo filme de Woody Allen, há muito um ritual do Inverno cinéfilo nacional. No entanto, You Will Meet a Tall Dark Stranger quase que minimiza essa situação: como só por duas vezes na última década não aconteceu (Match Point e Vicky Christina Barcelona), esta nova incursão londrina (e que poderia ter sido feita em qualquer outro local) é a mais recente variação das suas histórias de maridos e mulheres e dos seus crimes e escapadelas. Allen já faz filmes destes de olhos fechados e You Will Meet a Tall Dark Stranger ressente-se disso, sendo algo previsível, parecendo uma sucessão de colagens de outros momentos da sua filmografia. As duas melhores cenas do filme (o momento em que Anthony Hopkins confronta a infidelidade da esposa e uma Naomi Watts vulnerável como nunca vi a declarar-se e a ser rejeitada por um Antonio Banderas estranhamente envelhecido) são fruto do talento dos actores e os seus méritos (o savoir faire da estética de Allen, fácil e fluida; a atmosfera omnipresente de morte; a surpreendente fotografia solar) não chegam para ganhar um filme sem som nem fúria. Irei sempre ver os filmes de Woody Allen, mas começo a estar demasiado habituado à sua rotina.
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