A Família Real Britânica é o mamarracho mais caro do mundo. Fundado na ideia do direito divino ao trono e sem qualquer poder executivo, são um garante de uma sociedade de classes com elementos anacrónicos e um conjunto de entidades e práticas tão inúteis quanto tradicionais. Afinal, alguém imagina o Reino Unido sem eles? Eu não e lembro que na ocasião em que foi tentada a República, não resultou muito bem.
Apesar de, segundo o realizador Tom Hooper, a génese do projecto ser muito anterior, é difícil não ver o muito nomeado The King’s Speech como vindo na senda de The Queen. Porque com esse belíssimo filme, Stephen Frears traz para o “estrelato” uma rainha humanizada e um ethos relacionado com a dignidade em todas as circunstâncias. O filme que dará o Óscar de Melhor Actor a Colin Firth (e quem sabe, talvez, ao excelente Geoffrey Rush) pelo retrato de um Jorge VI em luta com a sua gaguez e com os seus medos mais profundos segue o mesmo caminho, ainda para mais tratando de uma maleita que, tendo o monarca de falar ao país durante a 2ª Grande Guerra, assumia contornos de assunto público.
Poderia ser um filme muito interessante, não fosse o carácter enfadonho a que não consegue escapar. Na senda de um James Ivory (o cineasta mais chato do mundo), a reconstituição é tão perfeita, a escrita do argumento tão fluente e a imaginação tão pouca que o que poderia ser um interessante filme histórico torna-se num bocejo de duas horas. É como numa casa, um pouco de pó dá personalidade. The King’s Speech é imaculadamente limpo.
Apesar de, segundo o realizador Tom Hooper, a génese do projecto ser muito anterior, é difícil não ver o muito nomeado The King’s Speech como vindo na senda de The Queen. Porque com esse belíssimo filme, Stephen Frears traz para o “estrelato” uma rainha humanizada e um ethos relacionado com a dignidade em todas as circunstâncias. O filme que dará o Óscar de Melhor Actor a Colin Firth (e quem sabe, talvez, ao excelente Geoffrey Rush) pelo retrato de um Jorge VI em luta com a sua gaguez e com os seus medos mais profundos segue o mesmo caminho, ainda para mais tratando de uma maleita que, tendo o monarca de falar ao país durante a 2ª Grande Guerra, assumia contornos de assunto público.
Poderia ser um filme muito interessante, não fosse o carácter enfadonho a que não consegue escapar. Na senda de um James Ivory (o cineasta mais chato do mundo), a reconstituição é tão perfeita, a escrita do argumento tão fluente e a imaginação tão pouca que o que poderia ser um interessante filme histórico torna-se num bocejo de duas horas. É como numa casa, um pouco de pó dá personalidade. The King’s Speech é imaculadamente limpo.
5 comentários:
Acho que há um talento em fazer este tipo de filmes mesmo à medida dos oscares. Lembro-me de muitos outros perfeitamente irrelevantes, daqueles feitos à medida: Shakespeare in Love, A Beautiful Mind, Crash e por aí fora...
Talento na forma de não mostrar talento, eheh
"A Família Real Britânica é o mamarracho mais caro do mundo."
Not quite. A monarquia britânica custa aproximadamente 81 cêntimos a cada cidadão britânico. Em comparação, a Presidência da República Portuguesa custa 1,9 € a cada português, ou seja, mais do dobro!
Pode conferir neste artigo: Casa real espanhola também aperta o cinto.
Carlos: Lol.
Anónimo: 1,90 centimos x 10 milhões: uma coisa.
80 centimos x 50 milhões: outa coisa diferente.
«1,90 centimos x 10 milhões: uma coisa.
80 centimos x 50 milhões: outa coisa diferente.»
Ehehehe. Já sabia que ia argumentar com esse espantalho. Mas tudo bem, podemos comparar com outros países.
Por exemplo, a França, que tem aproximadamente o mesmo número de habitantes que o Reino Unido (60 milhões), apresenta um orçamento anual de 90 milhões de euros para a sua Presidência da República: 1,50 € por cada francês.
Cumps
O caro(a) anónimo(a) é muito presciente, adivinhando o que escrevo. Gosto muito mais de discutir com gente que tem os tomates para dar o nome.
Respondendo à questão, os franceses elegem o seu presidente e pagam por ele. A Rainha de Inglaterra é um anacronismo vivo, a prova de que noções como "direito divino" a um cargo ainda têm quem as defenda. Acontece que nunca serei eu, por uma questão de principio contra cargos não eleitos, a concordar. Posto isto, reitero: se o povo inglês gosta e eu não consigo imaginar a Inglaterra como república, nada mais tenho a dizer. Aquilo é apenas a minha opinião, num assunto em que não sou tido nem achado.
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