2 Days in Paris de Julie Delpy - Como o recente Le Skylab, o filme anterior da actriz e realizadora francesa colmata os seus defeitos com uma dose notável de charme que o torna encantador. Bem-humorada crónica de umas férias parisienses de uma francesa radicada em nova-iorque e do seu namorado americano, é uma comédia sobre as diferenças culturais nas relações amorosas e, no limite, sobre as dificuldades de um homem em lidar com o passado sexual da sua companheira. Nada de novo, mas enquanto dura entretém e diverte.
O Ditador de Larry Charles - O pior filme que vi este ano em sala. Se os anteriores Borat e Bruno tinham o lado relevante de sátira social, este filme tenta ter um lado de sátira política ao totalitarismo mas cedo se transforma numa sucessão de piadolas entre o sexual e o escatológico. Também é, dos filmes feitos até agora a partir de personagens de Sacha Baron Cohen o menos anárquico e o mais controlado. A esquecer, depressa.
A Queda de Oliver Hischbiegel - Ao contrário de Pier Paolo Pasolini, que encena o fim do fascismo num clima de terror absoluto e dantesco, o cineasta alemão prefere antes a reconstituição histórica e o ambiente de telefilme, sem qualquer espessura de personagens e de enredo. Mesmo relativamente ao "polémico" retrato de Hitler enquanto ser humano, nada há a declarar: o Hitler de Bruno Ganz, tecnicamente perfeito em termos de imagem e maneirismo, é uma figura plana e tautológica. Sobra a personagem de Martha Goebbels, que escolhe assassinar os seus filhos para os poupar ao que virá depois e que, no seu ethos trágico, daria um filme interessante por si só. Pouco mais há.
Saw de James Wan - Lembram-se dos tempos em que os filmes de terror americanos não eram, visualmente, um misto de uma cópia de 3ª categoria do Se7en de David Fincher misturado com um videoclip nu metal de uns Mudvayne? Eu lembro, e em vez de escrever mais sobre isto vou tirar uns minutos para pensar nesses tempos.
[Rec] de Jaume Baleguero - Este sim um bom filme de terror, todo ele filmado em plano subjectivo, o do operador de câmara de uma equipa de reportagem que acompanha os bombeiros de uma cidade durante a noite que se transforma num pesadelo dentro de um prédio... Não vale a pena dizer muito mais, para não estragar o filme a quem o queira ver, resta dizer apenas que se as personagens não têm espessura, o realizador espanhol aproveita frequentemente o abanar da câmara como meio de tapar a visão ao espectador, minorando a necessidade de efeitos especiais, num método económico e sugestivo. Este é também, dos filmes que vi nos últimos tempos, aquele que melhor cria uma tensão palpável e um incómodo de grandes proporções. Numa época em que a esmagadora maioria dos filmes de terror são para miúdos, já não é nada mau.
2 comentários:
Um videoclip dos Mudvayne, haha :D Mas concordo, tenho uma crítica ao Saw no meu blog, não gosto nada. Tenho de ver o Rec.
Ao contrário de ti, até que gostei d'A Queda, voltei a vê-lo recentemente, tinha-o visto no cinema, e gostei ainda mais de alguns pormenores que me haviam escapado. O Salo é algo que não tem nada a ver com este.
Enviar um comentário