As frases de Julian Barnes são impecáveis. Milimetricamente construídas, com tudo no local certo e sem grama de gordura. Mas um livro tem de ser mais do que a soma das suas frases. A ideia tem de ser suficientemente sólida e suficientemente interessante para sustentar a acumulação de palavras. E é aí que falha O Sentido do Fim, novo romance do autor britânico e vencedor do último Man Booker Prize. Se a obra começa bem, como um retrato da juventude intelectual e afectada que passa ao lado dos "swinging sixties", a segunda parte do livro, passada no presente e focada no protagonista já idoso e reformado no processo de perceber que tudo o que julga saber está errado, é muito menos interessante do que a primeira parte. Há, efectivamente, uma ideia central a percorrer as páginas do livro (a de que a história pessoal é tão difícil de apreender quanto a História mundial) mas todo o segundo momento do livro se torna redundante e algo enfadonha, sobretudo a partir do momento em que a precisão da escrita, por o leitor já estar habituado, já não impressiona. Não é, na generalidade, um mau livro, mas continuo a preferir, e muito, dentro dos escritores ingleses contemporâneos, a obra de Ian McEwan.
1 comentário:
Discordo da sua opinião. Quanto a mim, este é um grande livro.
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