Em parceria com a Take
Le Skylab de Julie Delpy – Quarto filme da actriz e
argumentista Julie Delpy como realizadora, Le Skylab é um mimoso filme coral
sobre a família e sobre o tempo-sem-tempo das férias em família, nomeadamente o
fim-de-semana de aniversário da matriarca. Há cenas de todos os tipo (cómicas,
tristes, amorosas e perturbantes), o olhar da realizadora é seguro e embora
nada tenha de transcendente, já vimos muito, muito, muito pior. A ver, quando
estrear em sala.
Into the abyss de Werner Herzog – Até ao momento, o melhor
filme que vimos no festival. O olhar frio, entomológico do alemão debruça-se
aqui sobre um crime horrendo e, descobrimos aqui, sem sentido cometido por dois jovens
texanos em 2001 e desenvolve uma leitura sobre a pena de morte, olhar esse que
mantém uma posição moral e humanista mesmo que lúcida acerca das suas
personagens – como Herzog afirma, num momento chave do filme, ao criminoso que é
executado, o facto de achar que seres humanos não devem condenar outros à
morte, não faz com que goste dele e é nesta corda-bamba que o filme se gere. Destaque
também para as declarações, concomitantes e comoventes, do pároco e do guarda da prisão. A
estrear em sala e a não perder de forma alguma.
Bestiaire de Denis Coté – Pode haver muito mérito no documentário do
canadiano Denis Coté, mas sinceramente não conseguimos descortinar nada nele
para além de 72 minutos de imagens avulsas de animais. Enfadonho, parece, pela
sua falta de sentido e de propósito, durar horas infindáveis, num pedantismo de
achar que uma câmara fixa torna interessante qualquer imagem que se ponha à
frente de uma câmara fixa é interessante. Como prova de que não é esse o caso,
teremos sempre este excruciante filme.
Everyone in
the Family de Radu Jude– Grande surpresa! O filme do romeno Radu Jude é um belíssimo
retrato da gota que faz transbordar o copo de um homem em queda, que perdeu a
filha num processo de divórcio feio, que vive num apartamento espeluncoso e que
não tem respeito do pai, que o vê como um cobarde. Não vamos aqui revelar o jeu
de massacre a que assistimos (basta dizer que é uma espécie de Dog Day
Afternoon familiar), para não tirar o prazer ao espectador, mas podemos afirmar
que não só o argumento é bem trabalhado no acumular da tensão e na gestão das
situações como é filmado com a mesma crueza e sentido espacial a que o novo cinema romeno nos
habituou. Não fazia mal nenhum que fosse premiado e que estreasse em sala.
Sem comentários:
Enviar um comentário